“Digamos que o comunismo serviu para fazer dele [Pablo Neruda] um excelente poeta, do mesmo modo que a democracia serviu a Whitman, o imperialismo a Kipling, etc. Cada poeta requer a sua inspiração. E a inspiração é distinta em cada caso. Eu, por exemplo, admiro a Whitman, me encanta, mas não acredito na democracia. Finalmente, as opiniões são simples inspiração para cada poeta, e qualquer coisa pode servir de inspiração. Para muitos, bom, não sei, a religião cristã, é um bom exemplo. Foi uma inspiração para Dante; para mim não seria porque não acredito nela. Mas isso não significa que não acredite em Dante. Não creio em sua religião, em suas opiniões, o que não significa que não acredite nele. Porque ele, Dante, é algo essencial, algo que está para além de minhas pobres opiniões. Ademais, as opiniões mudam muito; uma mesma pessoa muda muito com o tempo, e não se deveria julgar a ninguém por uma opinião. É o menos importante, o mais banal, o mais passageiro e efêmero”.
Entrevista concedida à revista Fractal.
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