A notícia da morte de Fernando Brant me remete a épocas em que acontecimentos da história do país eram acompanhados ao som de suas composições tão marcantes. Poucos compositores deram voz aos sentimentos e anseios de uma geração como ele deu aos que viveram os difíceis anos 60 e 70. Resolvi fazer essa postagem especialmente pelo fato de que perguntei aos meus inteligentes,criativos e bem informados companheiros sobre se conheciam Fernando Brant e três deles responderam jamais ter ouvido falar. Coloquei Travessia para tocar e dois não conheciam. A história precisa ser sempre recontada.
Reproduzo texto do jornal Diário de Minas que muito bem relata a travessia realizada por este grande nome da MPB.
Sem medo de ser infeliz
Escrito por Fernando Brant em 01 Julho 2010
Tenho medo, nojo e ódio de qualquer ditadura. Era um menino nos idos de 1964, e passei mais de 20 anos sofrendo com a convivência diária com a ignorância e a violência do regime militar. Eu o combati com as armas que tinha e me pareciam justas: ideias e canções. Hoje me arrepio diante do descaso dos governantes brasileiros em abrir os documentos que restaram daquela época, para que os filhos e netos de minha geração saibam do que aconteceu neste país maravilhoso. Para que tenham consciência de que aquilo não pode voltar a ocorrer. Aprendi a louvar a democracia como o maior dos bens da política e da cidadania.
No velório de Brant, destacava-se a bandeira do América de Minas Gerais, clube do qual era torcedor e conselheiro. Na partida disputada nesse sábado( 13) contra o CRB no Estádio da Independência em Belo Horizonte, o time vestiu camisetas com trecho da letra de “Travessia”, composição marcante do artista.
Jogador do América-MG com camiseta em homenagem a Fernando Brant
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Milton Nascimento afirmou que:
“Desde o começo, quando a gente se conheceu, o laço sempre foi uma coisa muito forte. Minha vida não teria sido tão linda se não tivesse esse tipo de amizade. O que eu guardo de lembrança do Fernando é toda a minha vida”….faz parte da coisa mais séria para mim, que eu aprendi com os meus pais, que é uma coisa que se chama amizade”.
Sobre as composições: “A gente não fazia as músicas só por fazer ou do nada. A gente estudava o que estava se passando nas nossas vidas nos nossos corações. Tem uma coisa que eu adoro que é fazer música para as pessoas e as pessoas sempre foram a fonte de energia para a gente”.
Capa do LP Clube da Esquina cartão postal inglês do período vitoriano
O nome do disco “Clube da Esquina”, de 1972, se refere a uma esquina do bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, Segundo Lô Borges, um dos fundadores do Clube , a expressão surgiu para fazer referência aos clubes da alta sociedade que havia na capital mineira àquela época. Como ele e seus amigos do futebol que frequentavam a esquina eram mais pobres, ali ficou batizado de ‘clube da esquina. Clube da Esquina, um grupo de artistas mineiros, acabou se tornando um movimento musical muito importante na história da música brasileira. nas décadas de 1970 e 1980.
Fonte: http://goo.gl/daJ7M0
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