Imaginemos uma campanha presidencial em um dado país. Há dois candidatos, quase empatados nas pesquisas de opinião: um, que lidera as pesquisas, tem o apoio de grande parte da mídia e do empresariado; o outro não tem. Um deles – o que lidera – começa a acusar o outro de ser uma “marionete” de uma grande potência, supostamente interessadíssima na desestabilização deste dado país. O acusado nega tudo, mas de nada adianta: as acusações seguem sem parar, e em breve não serão feitas apenas pelo candidato oponente, mas pelos jornais, revistas e redes de TV que o apoiam.
O leitor pensará que tratamos aqui de algum país pobre e atrasado de nossa América Latina, onde é comum acusar adversários políticos de serem joguetes dos imperialistas. Nada disso: trata-se da eleição dos Estados Unidos da América. E a potência acusada de interferir é a Rússia.
Já tivemos a oportunidade de apontar neste artigo o quão, digamos, curiosa é essa situação. E agora não estamos sozinhos: ganhamos o apoio de ninguém menos do que Vladimir Putin. Em declaração recente, o presidente russo disse que “os americanos estão delirando” e que sofrem de “histeria coletiva“. E disparou: “Será que alguém seriamente acha que a Rússia pode interferir nas escolhas do povo americano? Os EUA são alguma republiqueta de bananas?”
Os americanos decerto não acham isso. Mas a brincadeira de Putin faz todo o sentido: alguém, conhecendo os EUA, poderia imaginar que uma revista de grande circulação sairia com esta capa?

“A Rússia quer minar nossa fé na eleição dos EUA. Não caia nisso”
Nem o “Granma” faria melhor.
Republicou isso em O LADO ESCURO DA LUA.
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