A lista de sobrenomes mais comuns dos Estados Unidos, divulgada no último censo nacional – o de 2010 -, traz informações sobre aquele país que ajudam a compreender seu passado, seu presente e, também, seu futuro.
No topo da lista, vemos cinco sobrenomes de origem britânica: Smith, Johnson, Williams, Brown e Jones. Apenas no sexto lugar aparece um nome de outra origem, o hispânico Garcia. Na sequência, mais dois britânicos – Miller e Davis -, ocupando, respectivamente, a sétima e oitava posições do ranking. Completam o top 10 dois nomes hispânicos, Martinez e Rodriguez.
A lista indica duas coisas.
A primeira é a de que, apesar dos fluxos migratórios que os EUA receberam, e recebem, de todas as partes do mundo, os grupos étnicos pioneiros na formação do país ainda são centrais para sua demografia: falo, aqui, dos descendentes dos colonizadores (e, após a Independência, imigrantes) britânicos e dos negros escravizados, rebatizados com nomes ingleses ao pisarem em solo norte-americano. A lista não diferencia as ocorrências por cor de pele, mas há bons motivos para supor que os afro-americanos respondam por boa parte dos Williams e Smiths ali presentes. É a América de Faulkner e de Poe, da Nova Inglaterra e da Geórgia, do blues e da country music, de Elvis Presley e de Chuck Berry – e, também, de Donald Trump e de Joe Biden, os dois candidatos à presidência, ambos descendentes de escoceses.
A segunda é a relevância dos hispânicos na demografia americana. Ainda que distante do topo da lista, o mexicaníssimo García rivaliza com o ultra-anglo-saxônico Miller, superando-o por 5 mil nascimentos – e logo abaixo de Davis, outro nome tão britânico quanto o chá das 5, vêm Rodriguez e Martínez, mais populares ao sul do Texas do que as comédias do Chaves e do Chapolim.
Os dados estão aí. Diante deles, os americanos de todas as origens devem tomar uma decisão: tratar os Garcías, Martínez e Rodriguez como ameaça aos Smiths e Johnsons ou como uma contribuição ao que eles construíram. Dessa decisão – e das muitas consequências diretas e indiretas dela – depende o futuro dos EUA.
Nome | Número de ocorrências |
---|---|
Smith | 2,442,977 |
Johnson | 1,932,812 |
Williams | 1,625,252 |
Brown | 1,437,026 |
Jones | 1,425,470 |
Garcia | 1,166,120 |
Miller | 1,161,437 |
Davis | 1,116,357 |
Rodriguez | 1,094,924 |
Martinez | 1,060,159 |
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