O Líbano ganhou as manchetes nos últimos dias pelas explosões ocorridas em Beirute, resultando em mais de cem vítimas e mais de mil feridos. Desde a explosão, a bandeira libanesa está a meio mastro no Palácio do Governo de Beiture. Além disso, há uma convulsão social em curso, com protestos espocando em todas as regiões do país. Não é momento para celebrar nada, portanto. No entanto, os próximos dias marcarão os 100 anos da Independência do país. Como conjugar a necessidade de lembrar a data com o estado geral de luto do país?
O presidente Michel Aoun, em discurso recente, atentou para a questão e aproveitou o momento para lançar uma ideia revolucionária: transformar, por fim e para sempre, o Líbano em um Estado laico. Hoje, o presidente do país tem de ser, obrigatoriamente, cristão – ao passo que o primeiro ministro tem de ser, obrigatoriamente, muçulmano.
“Buscaremos uma fórmula que será aceita por todos e que será incorporada à Constituição”, disse ele.
Não será tarefa fácil. O quadro político libanês é fortemente influenciado pelas divisões religiosas que, desde há décadas, separam a sociedade daquele país. Basta dizer que o Hezbollah, organização muçulmana xiita considerada terrorista pela maior parte do Ocidente, tem assento no parlamento – sentado lado a lado com partidos oriundos de milícias cristãs. Esse modelo parece ter se esgotado.
“Convoco a todos pela proclamação do Líbano como um estado secular. Só ele nos preservará a pluralidade e criará uma real unidade nacional”, disse Aoun. Resta saber se os ideais dos líderes libaneses serão suficientes para confrontar a conturbada história daquele país.
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